quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Lawless Heart

É verdade que nunca soube me despedir das pessoas. E não sei se gostaria de aprender, pois um até logo sempre me doeu menos que um adeus

Apesar de entender que viver é estar em movimento, sou naturalmente estática. Tenho dificuldade em deletar arquivos velhos. As vezes guardo fotografias antigas debaixo da roupa e repousadas sobre o lado esquerdo do peito. Resisto as mudanças como um líquido viscoso que se prende as paredes do recipiente que o contém. E o recipiente que me contém por inteiro e indeterminadamente, é meu coração, que vive sempre tão cheio de emoções e ao mesmo com tanto espaço a ser preenchido. Porque estou constantemente abrindo círculos que nunca se fecham, criando vínculos com pessoas, lugares, coisas, porque os sorrisos me cativam, os olhares me marcam e os cheiros me embriagam.
Sinto que preciso de muito mais espaço para poder guardar tudo que me disseram, os corações que me amaram, aqueles que amei, os que me desprezaram, aqueles que desprezei... Preciso lembrar daquele jeans que não me entra mais e que eu costumava combiná-lo com aquela camisa que jamais voltaria a usar, mas ela está lá, no fundo da minha memória e eu quero poder acessá-la quando quiser.


Percebo que os anos passam e não me preocupo com as rugas, com o cabelo que vai clarear, com as articulações que vão enrijecer... Quero mais memória para poder armazenar tantas lembranças e um coração maior para guardar tantas emoções.

E por pensar assim entendo que a verdadeira dificuldade que o envelhecer oferece é que o corpo se torna "pequeno" perante tudo que acumulamos. 

Seria então egoísta achar injusto que os jovens tenham tanto espaço na memória e bem menos para armazenar?


Crédito das imagens: Cenas do vídeo clipe da música "It's Raining Again" do Supertramp. Este foi um dos primeiros vídeos clipes que assisti e até hoje fico pensando que ele deveria ter um guarda-chuva desde o início (risos).


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