sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Miss Austen Regrets

Miss Austen Regrets (TV)

Origem: Inglaterra
Gênero: drama/biografia
Ano: 2008
Direção: Jeremy Lovering

O longa inicia em 1802 quando, impulsivamente, Jane Austen já com 27 anos aceita o pedido de casamento de Herris Big-Wither, porém ela volta atrás e desfaz o compromisso no dia seguinte. Teria sido esse o grande arrependimento de Jane Austen?

Com belíssima fotografia e figurino, o filme consegue transportar quem assiste, precisamente, para a  Inglaterra da época de Jane Austen, guiado pela deliciosa trilha sonora assinada por Jennie Muskett. 

No papel principal está Olivia Williams, que faz uma Jane muito expressiva que ataca o telespectador com olhares duros, sarcásticos e, por vezes, tristes. O drama foca-se nos últimos anos de vida de Austen, já escritora conhecida que, beirando os 40 anos, precisa defender-se do sarcasmo, do deboche e das críticas que recebia por ainda estar solteira e sem perspectiva de casamento. Diferente do filme biográfico Amor e Inocência (2007), nessa película mostra uma Jane Austen determinada, madura e inteligente que leva o espectador a mergulhar no mundo da escritora que, diferente de seus personagens, não deu a sua vida o mesmo desfecho que deu a eles. 
O filme também mostra as dificuldades que ela encontrou para conseguir publicar seus livros, e como enfrentou a oposição da família e amigos devido a sua decisão por permanecer solteira.

Jane Austen (Olivia Williams) em Miss Austen Regrets (2008)


Em alguns momentos, vê-se claramente autor e personagem se fundirem, o que leva-se a pensar que suas estorias não eram apenas frutos da imaginação, mas sim de um cotidiano muito vivenciado pela autora e/ou por pessoas próximas. De certa forma, acalenta aos leitores apaixonados por suas estórias pensar que seus personagens foram criados a partir de seres reais. 

O amor fraterno, sempre tão presente e salientado nas obras, é percebido o filme pelo sentimento de cumplicidade, confidência e amizade entre Jane e sua irmã Cassandra - A melhor amiga. E foi nas cartas trocadas entre as irmãs Austen que o roteiro deste filme se baseou. Assim como as anotações no diário da sobrinha Fanny Knight, mostrada no filme como uma moça sonhadora e romântica que, assim como as personagens da tia,  buscava o amor verdadeiro, no fervor de seus 20 anos.

Jane e a irmã Cassandra (Greta Scacchi)

Ainda contrastando autor e obras, no filme nota-se que Jane Austen tinha noção de que não poderia vivenciar o que propunha nos seus livros, o que leva-nos a crer que suas obras eram uma fuga da vida real. Em alguns momentos vê-se que sua armadura forte e impermeável era a proteção para seu coração solitário, triste e decepcionado.  


Apesar de escritora conhecida, a vida de Jane Austen é um tanto escusa, logo não é possível saber se a escritora foi a heroína de sua própria história, a dona de seu destino ou vitima dele. Assim como não é possível saber até que ponto a narrativa do filme é fiel a realidade e se Jane teria mesmo renunciado ao casamento para que pudesse continuar a escrever. De qualquer forma, os leitores agradecem.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Entre os Muros da Prisão

Entre os Muros da Prisão (Hauts Murs, Les) 

Origem: França
Gênero: Drama
Ano: 2008
Direção: Christian Faure







Tenho muito apreço por filmes franceses porque em geral, são filmes que trabalham muito bem a estória que sustenta o enredo, sempre evidenciando o lado pessoal e sentimental dos personagens. O ritmo lento do desenrolar das falas, atitudes, que para muitos é irritante, para mim é convidativo. É o tipo de filme que as ações substituem aquela infinidade de falas, o que, pessoalmente falando, acho bem chato.

No belo filme de Christian Faure, mergulhamos num orfanato masculino para onde eram destinados os meninos órfãos de guerra. Entre os internos está Yves Treguier, órfão de 14 anos que já havia passado por vários internatos de onde sempre tentou fugir. Seu sonho era chegar ao porto e tomar um navio com destino a América, especificamente, Nova Iorque.

Os cenários do loga, bem destacados em tons de cinza expressam muito bem o sentimento de fuga que aqueles meninos sentiam, pois estavam "presos" e esquecidos pelo resto do mundo num local que pouco parecia com um orfanato e sim com uma prisão, um campo de concentração. Onde educação e instrução, que deveriam ser prioridade, eram deixadas de lado em troca de opressão e castigos cruéis.  



Os muros altos do orfanato impedia que a paisagem de fora assim como as informações chegassem aos internos. Da mesma forma que quem estava de fora pouco sabia do que ocorria lá dentro. A lei da sobrevivência e proteção era aprendida dentro do instituto por cada um deles, muitas vezes de forma bruta e desumana.
Claro que o filme esbarra nos velhos clichês como o badboy  e líder da turminha do mal. O garoto franzino  e tímido. O riquinho que não conseguia se adaptar. O protetor que enfrentava o malvadão e etc. Mesmo assim, não é algo que desmereça o valor final da obra.

Apesar da realidade que viviam, eles tinham sonhos, porém alguns desistiram pelo caminho, outros optaram pelo caminho mais fácil. Enquanto Yves trazia consigo o desejo de alcançar a América e este desejo estava traçado num mapa onde ele fazia sua viagem imaginária.

É válido assistir e pensar no valor que damos aos sonhos e o quanto lutamos por eles. As vezes uma dificuldade nos faz desistir, enquanto que para outras pessoas como foi para Yves, as fortalecem.




*Yves Treguier é o nome do escritor August Le Breton que escreveu um livro contando as experiências que vivenciou no orfanato. O roteiro do filme foi baseado neste livro.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Madre Joana dos Anjos (Matka Joanna od aniolów)


Origem: Polonia
Gênero: Drama
Ano: 1961
Direção: Jerzy Kawalerowicz


Talvez um dos primeiros filmes que aborda o tema possessão de forma tão marcante ao se tratar de um convento cujas freiras estão sofrendo possessões demoníacas.



A estoria se passa numa região isolada da Polônia no século XVII, e a situação sofrida pela irmãs atrai o padre Jozef Suryn (Mieczyslaw Voit) que tenta expulsar as 6 entidades malignas que maltratam a madre superior Joana (Lucyna Winnicka).



Clássico do cinema polonês, com boas atuações, fotografia e trilha sonora. O expressionismo e a bela atuação de Lucyna Winnicka, nos leva a sentir o que a personagem sente. 


Causou polêmica quando foi lançado, sendo até mesmo proibido em alguns países. Pudera, pois falar de possessões já deveria ser um assunto delicado para a época, e ainda mais tratando-se de um convento.




(Fonte: Interfilmes, Entre a Galhofa e a Melancolia)

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