quinta-feira, 28 de maio de 2009

Orgulho e Preconceito BBC

Orgulho e Preconeito (BBC - 1995)
Depois que assisti a adaptação de 2005 de Orgulho e Preconceito (a obra homônima de Jane Austen), minha visão de literatura, filme e crítica mudou. E virou uma legítima correria desesperada em busca das adaptações Austenianas, dos livros, legendas, traduções... Até um ponto em que falar de Austen se tormou comum nos papos desvairados de msn, Orkut. E, neste universo paralelo de pessoas que amam a literatura e fazem dela seu momento de lazer, conheci muita gente interessante, fiz amizades sinceras...

Ainda quero falar sobre isso qualquer dia desses.

Foi então, que uma amiga me presenteou com uma gravação da série televisiva adaptada em Orgulho e Preconceito.
Assisti aos 4 capítulos numa única tarde e me apaixonei ainda mais.
Feita pela emissora inglesa BBC, foi ao ar em 1995 e obteve sucesso estrondoso. Dizem que até os membros do parlamento terminavam suas sessões mais cedo para que não perdessem os episódios. E eu acredito, afinal esta adaptação de Orgulho e Preconceito é considerada até hoje a mais fiel em relação ao livro da escritora inglesa do século 18. E eu, que já li o livro e assisti a outras adaptações estou de comum acordo.
Claro que não se justifica uma boa adaptação apenas espelhando-se nas semelhanças com a obra original. O que quero dizer é que a série é bastante fiel ao livro e isto deixa os fãs da escritora mais satisfeitos. Acredito. Mas também temos grandes interpretações que frizam ainda mais este status.

Na série, Colin Firth dá vida e movimento ao arrogante Mr. Darcy enquanto Jennifer Ehle recria a espirituosa Elizabeth Bennet.

Mr. Darcy e Elizabeth Bennet

Ótimas escolhas, se não fosse o padrão "idade dos atores". Firth já tinha passado dos 30 anos há algum tempo, quando interpretou o jovem Darcy de 28 anos, enquanto Jennifer já tinha 26 anos quando interpretou a recém pós-adolescente Elizabeth Bennet, com então 19 anos.
Mas não foram somente estes atores que estavam meio passados para o papel. Em geral todo o elenco tinha esta característica. Este seria um ponto negativo. Outro ponto que também diria negativo, foi a maquiagem muito carregada em alguns atores. Seja para deixá-los mais jovens ou para deixá-los mais velhos.

Jennifer Ehle como Elizabeth Bennet

Mesmo assim, isto não desmerece a adaptação. Quem ama os romances, certamente nem vai notar estes detalhes. Perdoem-me por ser tão crua as vezes. É meu jeito. (risos)

Com fotografias deslumbrantes, lindas cenas de dança, figurinos, cenários... Tudo deixa a série muito envolvente.

Mr. Darcy por Colin Firth

Foi o Mr. Darcy de Colin Firth que eternizou a cena do banho no lago. Nesta cena, Mr. Darcy decide refrescar-se dando um mergulho no lago de sua propriedade. Ao sair, com a camisa molhada deixando transparecer seu definido peito moreno, encontra-se, ao acaso, com Elizabeth Bennet e acontece um certo constrangimento entre eles.

Tal cena não consta no livro, mas foi tão bem captada pelos atores que é muito bem aceita até mesmo pelos fãs mais fervorosos. (Só para não dizer que foi aceito pelo fato de que ver Colin quase sem camisa não faz mal a ninguém, ao contrário, faz um bem danado.)

Mr. Darcy depois do mergulho no lago.

Ambientada no século 18, precisamente em 1797, O&P trabalha muito bem as impressões, os constrangimentos, as obrigações e padrões da sociedade inglesa da época. A crítica ao casamento como uma transação comercial, a ideologia do amor matrimonial, da disputas dos bens, a posição da mulher numa sociedade de dominio masculino... Tudo é evidente na obra de Jane Austen e tratado de forma coesa, leve, irônica e elegante. Pois Austen, que viveu nesta época, sabia muito bem o que estava falando, ou melhor, escrevendo.

Orgulho e Preconceito transmite a idéia de que as construções precipitadas que fazemos a respeito das outras pessoas podem nos fazer perder relações importantes. Dito e feito:

-Elizabeth mordeu a língua ao se apaixonar justo pelo homem que ela não admirava, pois seu orgulho havia cegado seus olhos e calado seu coração. Darcy, por sua vez, rico e arrogante, teve que engolir todo seu preconceito e admitir que Elizabeth era a mulher que ele amava, mesmo ela não pertencendo a mesma classe social que ele e indo assim, de encontro a todas as expectativas de sua familia.

E aí fica a crítica de J.P. Coutinho: "Primeiras impressões todos temos e perdemos. Mas o amor só é verdadeiro quando acontece à segunda vista."

O que mais admiro na obra e então na série que captou isto muito bem, é ver que O&P não gira somente em torno do amor de Elizabeth Bennet e Mr. Darcy, mas tem este como o suporte, como o marco inicial para que todas as demais situações, críticas e construções aconteçam. E assim, temos um romance com grande entrosamento entre os personagens e com desfecho surpreendente. Sim, surpreendente, pois Austen consegue encaixar um final feliz para cada um dos personagens, conforme o merecido, é claro.

Isto já bastaria para provar a grandiosidade de Austen como escritora e entender por que Orgulho e Preconceito é uma das obras mais aclamadas da literatura inglesa e que, mesmo depois de quase 200 anos de sua publicação, suas adaptações ainda encantam platéias do mundo todo.

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