Ainda quero falar sobre isso qualquer dia desses.
Foi então, que uma amiga me presenteou com uma gravação da série televisiva adaptada em Orgulho e Preconceito.
Na série, Colin Firth dá vida e movimento ao arrogante Mr. Darcy enquanto Jennifer Ehle recria a espirituosa Elizabeth Bennet.

Jennifer Ehle como Elizabeth Bennet
Com fotografias deslumbrantes, lindas cenas de dança, figurinos, cenários... Tudo deixa a série muito envolvente.

Mr. Darcy por Colin Firth
Foi o Mr. Darcy de Colin Firth que eternizou a cena do banho no lago. Nesta cena, Mr. Darcy decide refrescar-se dando um mergulho no lago de sua propriedade. Ao sair, com a camisa molhada deixando transparecer seu definido peito moreno, encontra-se, ao acaso, com Elizabeth Bennet e acontece um certo constrangimento entre eles.
Tal cena não consta no livro, mas foi tão bem captada pelos atores que é muito bem aceita até mesmo pelos fãs mais fervorosos. (Só para não dizer que foi aceito pelo fato de que ver Colin quase sem camisa não faz mal a ninguém, ao contrário, faz um bem danado.)

Mr. Darcy depois do mergulho no lago.
Ambientada no século 18, precisamente em 1797, O&P trabalha muito bem as impressões, os constrangimentos, as obrigações e padrões da sociedade inglesa da época. A crítica ao casamento como uma transação comercial, a ideologia do amor matrimonial, da disputas dos bens, a posição da mulher numa sociedade de dominio masculino... Tudo é evidente na obra de Jane Austen e tratado de forma coesa, leve, irônica e elegante. Pois Austen, que viveu nesta época, sabia muito bem o que estava falando, ou melhor, escrevendo.
Orgulho e Preconceito transmite a idéia de que as construções precipitadas que fazemos a respeito das outras pessoas podem nos fazer perder relações importantes. Dito e feito:
-Elizabeth mordeu a língua ao se apaixonar justo pelo homem que ela não admirava, pois seu orgulho havia cegado seus olhos e calado seu coração. Darcy, por sua vez, rico e arrogante, teve que engolir todo seu preconceito e admitir que Elizabeth era a mulher que ele amava, mesmo ela não pertencendo a mesma classe social que ele e indo assim, de encontro a todas as expectativas de sua familia.
E aí fica a crítica de J.P. Coutinho: "Primeiras impressões todos temos e perdemos. Mas o amor só é verdadeiro quando acontece à segunda vista."
O que mais admiro na obra e então na série que captou isto muito bem, é ver que O&P não gira somente em torno do amor de Elizabeth Bennet e Mr. Darcy, mas tem este como o suporte, como o marco inicial para que todas as demais situações, críticas e construções aconteçam. E assim, temos um romance com grande entrosamento entre os personagens e com desfecho surpreendente. Sim, surpreendente, pois Austen consegue encaixar um final feliz para cada um dos personagens, conforme o merecido, é claro.
Isto já bastaria para provar a grandiosidade de Austen como escritora e entender por que Orgulho e Preconceito é uma das obras mais aclamadas da literatura inglesa e que, mesmo depois de quase 200 anos de sua publicação, suas adaptações ainda encantam platéias do mundo todo.
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